segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Falar da (minha) realidade..

..é dificil. Sempre foi. Apesar de ter escrito um livro ficou muito, talvez o mais importante, por escrever. Na escola não aprendi que para fazer ressonâncias, tinha de levar contraste. Que tinha de esperar para saber se a veia aceitava ou não o liquido. Na escola não me ensinaram a lidar com as minhas dores diárias e com as outras que acrescem quando os exames correm mal. Na escola não me ensinaram a viver no silêncio. Mas tenho muitas, muitas, muitas saudades da escola 'teórica', porque a minha escola é a da vida e a da aprendizagem na primeira pessoa, na própria pele.

Por vezes comparam-me com pessoas que tem o mesmo que eu. Odeio quando o fazem, porque a única coisa que temos em comum é o nome e tipo da doença. Só! Nada mais. O resto foi definido pela Vida. Assumo que dentro de mim mora uma grande tristeza porque não posso dar luta a esta doença. Mas também não me dou como vencida e ando sempre atenta aos sinais do meu corpo. Já me salvei (de piorar) umas três vezes mas isso não me deixa orgulhosa. Comparam-me a pessoas que podem lutar, fazer quimio, radio, cirurgias e tratamentos inovadores. Eu gostava, dava tudo aquilo que tenho,  para fazer alguma coisa, para tentar alguma coisa, para dar luta a isto que ano após ano me vai consumindo por dentro. Aprendi sozinha o que é viver num mundo sem som. Aprendi sozinha a lutar contra uma morte prematura. Aprendi sozinha que não expressar um sorriso ou deixar cair uma lágrima dói, dói muito e magoa. Aprendi sozinha que viver é uma verdadeira bênção. Aprendi a viver com as minhas insuportaveis dores. Mas a Vida é isto. Uma aprendizagem. Aceito a doença, só não aceito e não entendo porque é que a Vida não me deixa lutar.
Mas também sozinha, aprendi que existe um truque: ACREDITAR, sempre!
Lutar para viver e Lutar para Vencer, são lutas diferentes.
Eu  luto para viver.

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